domingo, 27 de dezembro de 2009

Às vezes eu vejo o Amor



No rítmo, sem mudanças repentinas, a segurança parecia ter aportado no seu cais. Era a sua vida um mar de águas mansas e azuis - porque ela pensava ser - e seus olhos estavam fechados para imperfeições. Era aquela arvorezinha em cima da pedra, rodeada por uma imensidão tranquila. Pensava enfim ter achado o caminho que procurava.

Num dia comum, o mar branqueou e se revoltou em volta da árvore pequena. Ondas imensas caiam e ganhavam cada vez mais força para derrubar o que ela acreditava ser concreto. Novamente chegou ao seu peito aquele amor que não havia acabado, estava só guardado na última gaveta, debaixo das caixas de música. Um sentir que ela observava todos os dias, porém deixava latejar, já que não era uma dor incômoda, apesar de constante, tornara-se suportável.

Complicado era porque ele falava tudo o que ela precisava ouvir. Foi só ele quem disse... O que parecia Shakespeare ou Buarque susurrando ao pé do ouvido... Sim! Ele falou lhe amar! E se pareciam tanto as músicas, os erros e as tristezas. E voltou para dizer-lhe que esperaria o tempo que fosse para continuar sua história, do ponto em que pararam.

E um medo se apossou da mente, tão acostumada a estar fincada ao chão. Ela parecia ter reaprendido a voar e ver como antes. Do chão, nunca se permitiu ver o laranja do sol se juntar e ao mesmo tempo ser sufocado pelo mar. Um medo extasiante, pois se sentia importante...

Ponderou, calou, pediu uma chance a si mesma para ser mais feliz. Ela não sabia o que fazer. Não! Não sabia! Mesmo escutando todas as suas músicas e relendo todos os seus papeis guardados. Acreditava que havia um sentimento real naquela situação sufocante e linda, mas nem é assim que se fazem as coisas, num de repente.

Então ela esperou que chegasse para buscá-la, esperou para ver se realmente aconteceria algo ou novamente pararia tudo pela metade. Esperou calada, parada, com os olhos vidrados nele.

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