sábado, 21 de agosto de 2010

Para um





Nessa dança toda nem tinha percebido. Para ele, é pouco mais que um envolver-se entre pernas e apertos. Pouco mais, nada tão além. Pensava nele como criança ainda, naquele faz tempo que achava engraçado.

Mas ele cresceu e esqueceu daquela outra imagem dela. Tomou para si a visão de um corpo pra se ter às escondidas, ter prazer e tomar com força. Uma coisa bruta que palavra não consegue relatar.

Foi estranho quando viu seus olhos grandes diferentes, cheios de uma vontade que não dizia nada. Nada que lhe interessasse. Porque já sabia que não havia caminho nenhum pra voltar à cena da infância, tão calma e inocente.

Perdeu a graça. Ficou escuro. Virou só carne. Passou o tempo. Deixou a marca. Jogou fora. Gastou com o vento. Esqueceu e fim. Deixa pra lá!

Gabriela Simões

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Falar não é fácil


Eu nunca soube dizer, asssim com palavras saídas da minha boca, tudo o que sinto. Minhas mesmo, só saem palavras das mãos, tão mudas e lentas, quase sem conseguir mostrar-se. Acho até engraçado, mas às vezes incomoda também.

E tenho um par tão doce como nunca consegui ser. Daqueles que se entregam sem medo,de olhos fechados, braços abertos e cuidados mil. Na verdade tenho muita inveja dele.

Não aprendi a dizer que posso aceitar o seu "eu te amo" encabulado, que posso cuidar como nunca fui cuidada, que posso afagar os seus cabelos como nunca me acariciaram, que posso fazer tudo novo pra aprender a ser doce de verdade. Ainda não aprendi...


Gabriela Simões